Trilha Avaliar

A avaliação é considerada complexa, pois se trata de uma etapa subjetiva e que, muitas vezes, se mistura aos afetos, a percepção de nosso próprio olhar com relação ao que foi desenvolvido. Ainda assim, ela é uma etapa muitíssimo importante, pois a avaliação permite ao grupo perceber seu processo, suas potências e desafios. Ao professor-mediador, cabe o olhar sensível, percebendo sua prática como um constante aprendizado, cheio de contratempos e conflitos, mas também de surpresas e regalos. As avaliações podem ser feitas ao final de uma atividade, ao final de uma trilha inteira ou, ainda, ao final do processo. Certamente, caberá ao professor compreender o melhor momento para aplicar algumas das propostas aqui apresentadas ou sugerir outras, de acordo com as necessidades dos grupos. As avaliações, em um contexto geral, não devem ser feitas apenas no final de todo o projeto pois são elas que permitem reavaliar o andamento da atividade, corrigir pequenas desavenças e mudar caminhos.

Me avaliando

Avaliando sozinho

Cada estudante será convidado a pontuar, de maneira oral ou escrita, individualmente, sua percepção pessoal a respeito do processo de desenvolvimento do jogo. Essa é uma avaliação livre e que poderá ser adaptada de acordo com as necessidades e objetivos de cada professor, que deverá escolher alguns critérios para conduzir as respostas dos estudantes, tais como frequência, participação, entrega das suas atividades, diálogo com os colegas, etc.

Uma sugestão para esta avaliação pode ser “escolha uma nota de 1 a 10, que nota você se daria? Por quê? Defenda sua posição e narre com detalhes o que fez você escolher essa nota”. Cabe ao professor, no caso de necessidade de uma nota quantitativa, optar ou não em manter o resultado escolhido. Sabemos que, em alguns casos, alguns estudantes optam por colocar notas mais altas ou mais baixas do que realmente apresentaram em sala de aula, em quesitos tais como pontualidade na entrega dos trabalhos, participação, frequência, dentre outros.


Avaliando nosso jogo

Questionário do Jogo

A equipe de desenvolvimento poderá responder um questionário com alguns dos pontos a serem avaliados nesta atividade. De acordo com Filatro (2015), por meio deste questionário é possível analisar a qualidade dos conteúdos produzidos, sendo este dividido em 5 dimensões: tecnocientífica, pedagógica, comunicacional, tecnológica e organizacional. Cada uma visa auxiliar o estudante a avaliar o jogo de maneira mais objetiva. 

Outro questionário também possível de ser utilizado é do modelo MEEGA+ (Petri, Wangenheim, Borgatto, 2019). Como este questionário é voltado ao digital, podemos adaptar algumas perguntas para o uso no jogo de RPG físico.  Os itens para avaliação de jogos neste modelo são: Atenção Focada, Diversão, Desafio, Interação social, Confiança, Relevância, Satisfação, Usabilidade e Aprendizagem percebida. Originalmente é proposto um questionário, mas nada impede que seja feita uma dinâmica em grupo para que todos possam participar. 

Este questionário também poderá ser usado para auxiliar na próxima etapa desta avaliação. Em anexo estão disponibilizados ambos os questionário, na íntegra.

Avaliando nosso jogo

Cada estudante deverá pontuar as respostas para tais disparadores, já previamente pensados no questionário. A ideia é que se compartilhem as percepções a respeito do jogo. É natural que se misture o afeto e o conhecimento dos próprios desenvolvedores com relação ao conteúdo do jogo. É importante que o professor-mediador incentive os estudantes a fornecerem respostas sinceras com relação ao jogo que foi desenvolvido, sem menosprezar ou diminuir a importância do mesmo. Eventualmente, podem ocorrer comentários de que “não ficou bom pois eu não sei desenhar” ou “não ficou bom porque não tivemos dinheiro e tempo” e isso deve ser problematizado, sendo feitas perguntas, tais como “Por que você pensa assim? Vocês concordam? De que forma poderia ter sido diferente?” dentre outras.



Avaliando nosso processo

Avaliando o Portfólio

É sugerido que o portfólio seja aberto no meio de uma roda e analisado pelos estudantes do grupo de desenvolvimento. Este portfólio é o arquivo de pesquisas, textos, versões de protótipos, dentre outras, definido anteriormente e alimentado no decorrer do projeto. Nesta etapa, os estudantes poderão falar um pouco sobre suas dificuldades, sobre os desafios superados, sobre suas criações antigas. O ideal é que cada estudante possa falar um pouco sobre como foi o processo, de que forma cada imagem foi usada ou não no jogo, quais foram as referências. É um momento para compartilhar um pouco o trabalho entre a própria equipe.

Avaliando a equipe

Neste momento, é sugerida uma avaliação com um sistema "Pró-Contra". Cada estudante deverá pegar alguns papéis ou post-its e enumerar qualidades e ações positivas suas e de seus companheiros em um cartaz escrito “pró”, e no cartaz escrito “contra” devem ser enumerados os problemas que surgiram no processo. Os “problemas” podem ser debatidos no sentido de “a culpa é individual? De que forma poderíamos ter resolvido isso? Será que este realmente é um problema ou ele surgiu para ajudar a pensar outra questão?” É importante salientar a necessidade de gentileza e respeito.

Exemplos de ações: Achei Pró que a Maria organizou o portfólio. Achei contra que atrasamos o prazo da entrega da aventura (Nesse momento o professor pode mediar: Será que os prazos estavam claros? Quem definiu isso?)

Avaliando a turma com a dinâmica “o que aprendi?”

Com todos os grupos reunidos, é sugerido fazer no quadro-negro ou em um grande papel, uma grande linha dividindo o espaço em três partes - início, meio e fim. Todos os integrantes do grupo deverão falar a respeito do processo de desenvolvimento de seus jogos. O que sabiam sobre o conteúdo no início, no meio e no fim? No início, podem descrever o que não sabiam sobre o conteúdo ou sobre seus pré-conceitos, como por exemplo: No início eu pensava que o Egito só existia nos filmes e que só tinha múmia… No meio sobre o nós pesquisamos e descobri que o Egito se localiza na África e que realmente existiram múmias, e no final eu descobri muitas coisas como... Esta é uma dinâmica que pode ser divertida e procura demonstrar o processo de aprendizagem dos estudantes de forma mais abrangente que apenas questionários. 


Avaliando o projeto

Avaliando minha experiência

A avaliação do design instrucional, ou seja, do projeto criado pelo professor-mediador, ocorre durante todo o processo, da primeira à última atividade com a turma. De acordo com Filatro (2009), a avaliação do design instrucional é um “controle de qualidade” e deve ser realizada a tempo de permitir correções de rumo. Ou seja, deve ser feita durante todo o tempo e não apenas no final, para que, caso seja necessário, o professor possa mudar alguma proposta, trocar as atividades ou adaptá-las da melhor forma possível. Para que isso ocorra, é necessário, além das avaliações dos estudantes para com eles mesmos, uma avaliação do professor, da organização de seu projeto. Como proposta, sugere-se retomar o projeto feito na trilha CONHECER e responder as perguntas disparadoras.

Perguntas disparadoras: Os objetivos de ensino-aprendizagem correspondem às necessidades identificadas na trilha CONHECER? O fluxo de atividades está de acordo com as trilhas propostas? O cronograma e o tempo das atividades estão (ou foram) adequados ao rendimento apresentado pelos estudantes ou serão necessárias modificações? As ferramentas usadas e os conteúdos abordados em cada trilha estão (ou foram) auxiliando no alcance dos objetivos de ensino-aprendizagem? Os instrumentos de avaliação que selecionei para os estudantes são adequados para verificar o andamento das propostas? As atividades são engajadoras? Minha mediação tem sido eficaz no sentido de levantar diálogos e estabelecer relacionamentos com os estudantes? s objetivos do desenvolvimento do jogo estão claros para os estudantes ? Há alguma recompensa oferecida aos estudantes além de notas e do produto finalizado?